O Movimento Okupa surge na Espanha na raiz das experiências europeias de países como Alemanha, Inglaterra e Holanda. O habitar ilegal de casas tem existido sempre, porém como movimento político de reivindicação começou na década de 80. Este, atualmente é marcado por um contexto de descontentamento geral. Os cidadões vêem que os governantes não tem a justiça social e as suas necessidades como prioridade. O Estado de "bem estar" quebra, as ajudas sociais diminuem e o desemprego castiga forte.
Os edifícios vazios são muitos, e as pessoas sem moradia também. Enquanto os bancos e as imobiliárias enriquecem com o uso especulativo do solo. Por outro lado, um amplo setor da sociedade mais radical e contracultural se encontram onde os lugares oficiais da participação política e artística os excluem. Esta falta de espaços onde viver, criar e organizar-se politicamente, é o que empurra a centenas de pessoas a infringir a legalidade e ocupar edifícios abandonados.
O que distingue esse movimento não é a apropriação dos espaços, mas sim sua reivindicação pública e a utilização política destes espaços para incidir numa transformação social.
O objetivo deste movimento é criar consciência do problema social de moradia, que representa no fundo a exclusão e a prioridade do dinheiro sobre as pessoas dentro do sistema capitalista atual. Também conseguimos enxergar a cumplicidade dos governos ditos "democráticos" nesta injustiça.
O Movimento Okupa é heterogêneo: há pessoas de todas as raças e idades, e coletivos com interesses muito diferentes, que vão desde a ecologia ao antimilitarismo. A diferença de posicionamentos pessoais, desde anarquistas aos socialistas, não impede que em momentos de dificuldades façamos uma frente comum. Todos nos agrupamos em torno de um sentimento de ativismo frente a injustiça e de combate ao abuso de poder. Todos temos um inimigo comum e uma identidade marginal que reivindicamos. Nossa forma de subsistência é o mais autogestionária possível. Fugimos ao máximo do trabalho assalariado e tentamos nos manter com o que produzimos. O dinheiro arrecadado nos concertos e cafeterias serve para manter os espaços e financiar projetos e ações dos coletivos, assim como para fazer frente aos gastos judiciais dos companheiros detidos. Também tentamos praticar ao máximo da reciclagem e aproveitamento roupas, comidas ou materiais que nos oferecem.
Nossos espaços se dividem em moradias e Centros Sociais Ocupados (CSO), onde se oferecem gratuitamente atividades lúdicas e informativas, assim como concertos e eventos políticos e culturais de todo tipo.
O movimento se organiza horizontalmente em assembléias de bairro ou de cidade, pratica a democracia direta, a tolerância, o antiautoritarismo, a ação direta, a desobediência civil como métodos. Se armam com uma rede de apoio mútuo entre as casas ocupadas para a sobrevivência e contra os desalojos e de grupos de afinidades para a ação. Tentamos dar ao máximo de vida e proteger nossos espaços, assim como nos prepararmos com estratégias para o combate contra a repressão em desalojos e manifestações.
Também contamos com uma estrutura de contra-informação muito valiosa de boletins e rádios que difundem nossas atividades e denúncias. E sobretudo, contamos com todo um apoio legal que nos orienta e nos defende na hora da repressão policial.
A ocupação é um meio e um fim em si mesmo. O objetivo último é trazer à luz as deficiências e contradições do Sistema atual. O alvo de nossos protestos são o Capitalismo injusto e explorador, a democracia e suas instituições, entre elas o Estado, que escondem uma ditadura maquiada, e por fim a sociedade e suas tradições e valores absurdos e retrogrados. Em vez de gritar discussos políticos, cremos na prática de nossas ideias e valores como forma de denúncia. Ocupar é uma forma de vida e um desafio de emancipação pessoal. Tentamos crescer vivendo em comunidade e experimentando atitudes coerentes com nossos valores. Nosso estilo de vida alternativo é nossa proposta política de transformação. Somos atores sociais e cremos em devolver a politização à sociedade civil.
Nossa crítica à Propriedade e sua Democracia, que são as bases de nosso sistema, assim como a grande capacidade de mobilização popular que temos tido, tem feito com que o Estado nos considere uma séria ameaça de ruptura da "harmonia social". O preço que pagamos é a difamação e a criminalização.
Desde 1995, o código penal nos transforma em delinquentes e os processos judiciais se torna mais simplificados para poder nos desalojar rapidamente e nos cortar pela raiz. A legitimidade de nossas reivindicações nos tem dado apoio de partidos políticos, associações cidadães, sindicatos e de juízes que já estão se empenhando a negar-se a julgarmos pela via penal. Milhares de manifestos públicos, marchas e mostras de apoio as ocupações, são os que nos protegem todavia de uma aniquilação total por parte do Estado. Sem embargo, a estratégia do governo de criminalizarmos com a ajuda dos meios de comunicação, nos relacionando com a violência, o delito e o terrorismo, está dando seus frutos. Uma vez que a opinião pública já está predisposta contra nós, os abusos policiais e torturas são mais justificáveis. A intervenção policial destinada a nos controlar, assim como as estratégias de investigação e perseguição são algumas das mesmas durante a Ditadura Franquista. A repressão está castigando sem trégua nosso movimento, especialmente os setores mais radicais e autônomos. Sem ser pessimistas, cremos que não seremos capazes de aguentar muitos anos esse desgaste. O panorama europeu demonstra que o Movimento Okupa tem sido destruído ou "comprado" pelos governos. Veremos como o movimento espanhol segue resistindo, o que demonstra a autenticidade de "nossa democracia".
OKUPAR! RESISTIR! PRODUZIR!
(Assembleia Okupa de Barcelona - traduzido e adaptado por Bio Panclasta)
Os edifícios vazios são muitos, e as pessoas sem moradia também. Enquanto os bancos e as imobiliárias enriquecem com o uso especulativo do solo. Por outro lado, um amplo setor da sociedade mais radical e contracultural se encontram onde os lugares oficiais da participação política e artística os excluem. Esta falta de espaços onde viver, criar e organizar-se politicamente, é o que empurra a centenas de pessoas a infringir a legalidade e ocupar edifícios abandonados.
O que distingue esse movimento não é a apropriação dos espaços, mas sim sua reivindicação pública e a utilização política destes espaços para incidir numa transformação social.
O objetivo deste movimento é criar consciência do problema social de moradia, que representa no fundo a exclusão e a prioridade do dinheiro sobre as pessoas dentro do sistema capitalista atual. Também conseguimos enxergar a cumplicidade dos governos ditos "democráticos" nesta injustiça.
O Movimento Okupa é heterogêneo: há pessoas de todas as raças e idades, e coletivos com interesses muito diferentes, que vão desde a ecologia ao antimilitarismo. A diferença de posicionamentos pessoais, desde anarquistas aos socialistas, não impede que em momentos de dificuldades façamos uma frente comum. Todos nos agrupamos em torno de um sentimento de ativismo frente a injustiça e de combate ao abuso de poder. Todos temos um inimigo comum e uma identidade marginal que reivindicamos. Nossa forma de subsistência é o mais autogestionária possível. Fugimos ao máximo do trabalho assalariado e tentamos nos manter com o que produzimos. O dinheiro arrecadado nos concertos e cafeterias serve para manter os espaços e financiar projetos e ações dos coletivos, assim como para fazer frente aos gastos judiciais dos companheiros detidos. Também tentamos praticar ao máximo da reciclagem e aproveitamento roupas, comidas ou materiais que nos oferecem.
Nossos espaços se dividem em moradias e Centros Sociais Ocupados (CSO), onde se oferecem gratuitamente atividades lúdicas e informativas, assim como concertos e eventos políticos e culturais de todo tipo.
O movimento se organiza horizontalmente em assembléias de bairro ou de cidade, pratica a democracia direta, a tolerância, o antiautoritarismo, a ação direta, a desobediência civil como métodos. Se armam com uma rede de apoio mútuo entre as casas ocupadas para a sobrevivência e contra os desalojos e de grupos de afinidades para a ação. Tentamos dar ao máximo de vida e proteger nossos espaços, assim como nos prepararmos com estratégias para o combate contra a repressão em desalojos e manifestações.
Também contamos com uma estrutura de contra-informação muito valiosa de boletins e rádios que difundem nossas atividades e denúncias. E sobretudo, contamos com todo um apoio legal que nos orienta e nos defende na hora da repressão policial.
A ocupação é um meio e um fim em si mesmo. O objetivo último é trazer à luz as deficiências e contradições do Sistema atual. O alvo de nossos protestos são o Capitalismo injusto e explorador, a democracia e suas instituições, entre elas o Estado, que escondem uma ditadura maquiada, e por fim a sociedade e suas tradições e valores absurdos e retrogrados. Em vez de gritar discussos políticos, cremos na prática de nossas ideias e valores como forma de denúncia. Ocupar é uma forma de vida e um desafio de emancipação pessoal. Tentamos crescer vivendo em comunidade e experimentando atitudes coerentes com nossos valores. Nosso estilo de vida alternativo é nossa proposta política de transformação. Somos atores sociais e cremos em devolver a politização à sociedade civil.
Nossa crítica à Propriedade e sua Democracia, que são as bases de nosso sistema, assim como a grande capacidade de mobilização popular que temos tido, tem feito com que o Estado nos considere uma séria ameaça de ruptura da "harmonia social". O preço que pagamos é a difamação e a criminalização.
Desde 1995, o código penal nos transforma em delinquentes e os processos judiciais se torna mais simplificados para poder nos desalojar rapidamente e nos cortar pela raiz. A legitimidade de nossas reivindicações nos tem dado apoio de partidos políticos, associações cidadães, sindicatos e de juízes que já estão se empenhando a negar-se a julgarmos pela via penal. Milhares de manifestos públicos, marchas e mostras de apoio as ocupações, são os que nos protegem todavia de uma aniquilação total por parte do Estado. Sem embargo, a estratégia do governo de criminalizarmos com a ajuda dos meios de comunicação, nos relacionando com a violência, o delito e o terrorismo, está dando seus frutos. Uma vez que a opinião pública já está predisposta contra nós, os abusos policiais e torturas são mais justificáveis. A intervenção policial destinada a nos controlar, assim como as estratégias de investigação e perseguição são algumas das mesmas durante a Ditadura Franquista. A repressão está castigando sem trégua nosso movimento, especialmente os setores mais radicais e autônomos. Sem ser pessimistas, cremos que não seremos capazes de aguentar muitos anos esse desgaste. O panorama europeu demonstra que o Movimento Okupa tem sido destruído ou "comprado" pelos governos. Veremos como o movimento espanhol segue resistindo, o que demonstra a autenticidade de "nossa democracia".
OKUPAR! RESISTIR! PRODUZIR!
(Assembleia Okupa de Barcelona - traduzido e adaptado por Bio Panclasta)
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