segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Squat Korr-Cell em risco de desalojo‏



Olá a todxs!!!

       É com um feu muito amargo na boca que viemos lhes trazer este informe desagradáve!

        Hoje dia 1 de setembro ou seja, agora a pouco por volta das 14:30, cinco homens que se identificaram sendo um deles do cartorio - acreditamos ser do cartorio de imoveis -,  um engenheiro, dois dos quais não conseguimos indentificar e um advogado representante da familia - segundo o advogado dizia representar os herdeiros e o interesse da familia e do imóvel (da casa) - disseram que esta teria sido vendida sendo em seguida demolida no prazo de 30 dias, que era o tempo que tinhamos para desocupar a casa.  Já o engenheiro tentava nos oferecer dinheiro a todo o instante, com o qual segundo ele poderíamos comprar um terreno em outro local com escritura e tudo e que poderíamos levar todo o entulho da casa( squat) e construirmos outra, a eles interessava somente o terreno. Nos defendemos alegando vários fatos, inclusive que tinhamos conhecimento jurídico da casa e de nossos direitos.
       A conversa tomou um rumo nervoso quando um destes sacou o celular e bateu uma foto de um dos ocupas da casa. Quando pedimos que  deletasse a foto  este fez de conta que o tinha feito. Insistimos que nos mostrase o celular para termos a certeza que tinha mesmo deletado, como ele não quis e começou a se afastar do portão,  a conversa tomou um rumo extremo e um dos ocupas saiu correndo para dentro do espaço para pegar a chave do portão e ao abri-lo. A tentativa  era tirar das mãos deste a maquina e deletar a foto  nem que fosse a força. Foi quando os cinco sairam correndo, atravesaram a rua, entraram em seus carros e sairam cantando pneu. Nossos nervos se exaltaram com a situação e um estado de choque seguido de um desanimo total nos tomou. Mesmo assim conseguimos entrar imediatamente em contato com um advogado que nos orientou seguindo o que tinhamos lhes contato. Segundo o nosso advogado deveríamos ficar tranquilos já que estes não tinham em mãos nenhum documento, e nem nós assinado papel algum.  Não sabemos ao certo qual será o proceder destes indivíduos com a casa, se é somente uma especulação imobiliária, uma ação cível e legal dos proprietários. Fizemos uma consulta via internet sobre o advogado já que este nos deixou seu cartão, e constatamos que realmente ele é quem diz ser. Em seguida ligamos de um celular anonimo nosso ( atraves deste não tem como identificar o endereço ou nome de algum de nos)  para o advogado do proprietário do imóvel na tentaiva de fazermos umas sondagens especulativas e com isso descobrir algo a mais, já que quando estiveram aqui a poucas horas atrás não houve um dialogo mais prolongado. Segundo as informações do advogado via celular o proprietário da casa não quer nos tirar a "força da casa", mas sim, está disposto a uma conversa (pois sabe de nossos direitos já que estamos há quase 6 anos no espaço) e indenização ou uma troca por um terreno em outro local, como também, todo o entulho disponível da casa (até aqui nada de novo além do que já havia nos falado pessoalmente). Segundo o advogado, a casa tem uma dívida de 40 mil reias com a prefeitura devido ao  i.p.t.u atrasado e que por este motivo foi feito um acordo entre o proprietário do imóvel e prefeitura e esta dívida foi quitada e por isso o proprietario já conseguiu um comprador (pessoalmente falou que já havia vendido a casa...) e que  também a casa está realmente em processo judicial na questão inventário, e isto leva mais tempo para nos retirar da casa e eis o motivo da tentativa de  aproximação.
        Já entramos em contato com um ex ocupa, cujo pai é advogado, e marcamos uma conversa para sabado( 03/09) a tarde.
       Ate então não temos uma idéia concreta do que realmente iremos fazer. Mas até o presente momento a idéia é resistir aos passos que as coisas caminharem.

       Enfim a curiosidade e ansiedade nos toma por inteiros.
       Infelismente fomos pegos de surpresa, além de sermos poucos no espaço para nos movermos com tal situação.

A todxs xs Squats no Brasil que estão correndo risco de desalojo: 
Que o grito de resistência fale mais alto e ecoe em vossxs corações insubmissos!


domingo, 4 de setembro de 2011

Comunicado Squat Taboca

Mais uma vez o poder demonstra sua verdadeira face. Mesmo entre aqueles que se dizem "revolucionários sociais", se estão atrelados à ânsia e ao fetiche pelo poder, os resultados não poderiam ser outros. A história nos mostra, o cotidiano confirma.
Recentemente em Natal/RN passamos por uma experiência política muito interessante: diversos setores de lutas sociais saem da realidade virtual (Orkut, Facebook, Twitter) para agir diretamente nas ruas, denunciando e protestando contra a atual administração municipal, encabeçada pela prefeita Micarla de Sousa. Nasce então o Movimento #ForaMicarla.
Como forma de pressionar e adiantar esse processo de luta o Movimento #ForaMicarla decide ocupar a Câmara Municipal de Natal (CMN), até que se instalace um CEI (Comissão Especial de Inquérito) para investigar as irregularidades da gestão municipal e sua prefeita.
O movimento também assumiu um caráter de autogestão, horizontalidade e pluralidade. Não existiam nenhum centro de poder, que decidia e organizava tudo, mas tudo era decidido e organizado por todos, através de plenárias horizontais e comissões descentralizadas. Participavam estudantes, trabalhadores, desempregados, artistas, socialistas, comunistas, anarquistas, tanto pessoas partidárias, como apartidárias, etc.
E como estavamos em processo de ocupação de um prédio público, o poder constituído da CMN, fez todas as tentativas para desocupar o prédio, fosse por bem, fosse por mal, através de acordos frajutos, provas falsas para tentar desarticular e desmoralizar o movimento, colaboração da mídia corporativa, a eminente repressão policial, etc. Todos nós gritavamos: "ocupar, resistir produzir!", ou então, "daqui não saio, daqui ninguém me tira!".
Para tanto, ensaiamos formas de resistência pacífica e com o apoio de uma boa comissão jurídica, conseguimos permanecer no prédio até que os principais objetivos da ocupação fossem cumpridos: a audiência pública e a instalação da CEI.
Foram 11 dias de resistência, tensão, aprendizado, diversão, conflitos e coragem. O Movimento #ForaMicarla continua se organizando e lutando pela derrubada de uma prefeita corrupta e comprometida.
Agora, nós do Squat Taboca - Centro Social Okupado - estamos ocupando a antiga sede da UMES (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas) que estava abandonada há vários anos,pela própria falência da instituição, pelas rixas partidárias e pela burocracia.
Depois que iniciamos essa nova ocupação, desde Julho/2011, todos os partidos políticos, principalmente aqueles que se dizem "socialistas" e "revolucionários", voltaram suas atenções para nossa ocupação.
Nesse pouco tempo que estamos lá, demos vida a esse espaço, oferecendo oficinas diversas, como oficinas de macramê, grafite, poesias, muay tay, entre outras, sempre contando com a participação e apoio da vizinhança.
Mas obviamente, os partidos não poderiam perder um prédio de uma instituição tão importante, não podiam perder o controle das massas estudantis, pois eles querem impor seu poder em cada segmento, em cada brecha, seja onde for: sindicatos, associações estudantis, conselhos de bairros, movimentos sociais, etc.
Stalinistas, Trotskistas, Sociais Democratas, todos são adoradores do poder, (assim como a Direita) e não podem permitir a autonomia e a independência dos movimentos sociais, podendo correr o risco de perder suas credibilidades, seu controle e sua massificação sobre os grupos de lutas sociais (geralmente objetivando a conquista nas eleições políticas). Obvio, que sempre tem aqueles que realmente se empenham em fazer uma luta honesta e verdadeira, estes merecem meu respeito, mas também minhas críticas.
Esses "heróis" dos partidos, farão de tudo para tomar o prédio de volta, assim como aqueles opressores que queriam nos desalojar da CMN. Para isso, os partidos já deram os primeiros passos: a realização do 16 Congresso da UMES (CONUMES), para se rearticularem e tomar o prédio de volta.
O interessante desse congresso é que a UMES é uma entidade apenas para atender as necessidades dos estudantes secundaristas, e não temos nada contra os estudantes se auto-organizarem e utilizarem de sua sede para suas lutas, entretanto, este congresso estava repleto de marmanjos de partidos (majoritariamente partidários da UJS) e por uma massa de estudantes secundaristas (pré-adolescentes e adolescentes sem nenhum tipo de posicionamento político e sem saber sequer porque estavam ali, a não ser pelo "oba oba"), a maioria doutrinados e manipulados pela UJS.
A UJS - União da Juventude Socialista (Juventude ligada ao PCdoB) exibiu um show de oportunismo, manipulação, doutrinamento e massificação, que além de usar os estudantes como "laranjas" para seus fins políticos sujos e oportunistas, ainda não deu voz à nós, ocupantes do prédio, e cerceou nossa participação nesse congresso.
Assim, como a UJS conseguiu utilizar massivamente os estudantes "laranjas" a seu favor, sairam ganhando a diretoria da UMES. Agora eles estão tentando a todo custo retomar o prédio para eles.
Nós, okupantes do Squat Taboca, não queremos tomar o prédio dos verdadeiros estudantes secundaristas, estaremos sempre abertos para o diálogo e suas propostas.
Entretanto, devemos questionar: se a UMES é uma instituição dos estudantes auto-organizados ou é uma instituição controlada por um partido manipulador, que utiliza as lutas estudantis e sociais para seus fins? Quantos estudantes sabem o que é, e para que serve a UMES?
Exigimos a autonomia e a independência dos estudantes em relação à todas as formas de poder, inclusive das cúpulas partidárias.
Assim, em respeito aos verdadeiros estudantes, decidimos no final do mês de setembro entregar o prédio de volta. Mas que fique registrado nossa indignação contra o aparelhamento dos partidos e que os verdadeiros estudantes combatam esses pelegos dos partidos.
Não vemos nossa atitude como fracasso, mas pelo contrário, nossa resistência não foi nula, pois mostramos na prática que podemos construir outras novas formas de viver e lutar.
Okupações são zonas autonomas temporárias, nunca se tem a preocupação de durar para sempre, pois se tornaria algo estático, e queremos uma vida fluída, que se dure enquanto for necessária, mas que nunca dar uma continuição artificial.
Outras okupações estão vir, não só de espaços abandonados, mas okupações de tempo, de espaços, de pensamentos, de nossas próprias vidas, com liberdade, autonomia, solidariedade e socialização.